Os mitos nos ajudam a entender as relações humanas e guarda em si a chave para o entendimento do mundo e da nossa mente analítica. A mitologia grega, repleta de lendas históricas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heróicas e jornadas no mundo subterrãneo, revela-nos a mente humana e seus meandros multifacetados. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada Ser humano, não importa em que tempo ou local. Somos todos, deuses e heróis de nossa própria história.
Perseu contra Medusa
A proeza que Perseu deveria realizar não era apenas inatingível: era morte certa. Assim que ele fitasse a terrível górgona, prontamente se faria estátua pétrea, sem vida.
Sobre a Medusa:
Medusa vivia com suas duas irmãs em uma ilha na extremidade do mundo, no meio do Grande Oceano. Eram três monstros horripilantes, com grandes asas negras e o corpo coberto de escamas. Seus dedos terminavam em garras recurvas; nas cabeças, em vez de cabelos, tinha um emaranhado de serpentes venenosas, Suas línguas e dois dentes enormes ficavam pendurados do lado de fora da boca e seu olhar era horrendo e selvagem. Além de ser uma figura terrível, ainda podia petrificar que olhasse em seus olhos.
Perseu era filho de Zeus
o grande soberano dos deuses e dos homens. E Zeus não deixaria que seu filho morresse. Assim, designou dois deuses para ajudá-lo: Hermes presenteou Perseu com a única espada que poderia cortar de uma só vez a cabeça da terrível Medusa: feita de diamante, a arma era capaz de cortar até ferro; Atena, por sua vez, deu-lhe um escudo tão reluzente que podia servir de espelho e disse: “Como você não pode fitar o rosto de Medusa, olhará para o seu reflexo no espelho e, assim, terá como lhe cortar a cabeça sem virar pedra”.
Em seguida, a deusa conduziu Perseu a Samos, onde havia três imagens de corpo inteiro das górgonas.
– Veja qual delas é Medusa. Estou lhe dizendo isso para que não cometa um engano e tente matar umas das outras duas, pois são imortais! Mas saiba que o perigo não será menor quando quiser cortar a cabeça da Medusa. Vá ao encontro das ninfas do Estige, e elas lhe concederão o aparato necessário à tarefa. Não sei dizer onde encontrá-las; nem eu nem homem ou deus algum, somente as três greias, que você poderá encontrar perto da terra das hespérides. Elas, porém,são irmãs da Medusa e só revelarão onde vivem as ninfas à força.
A deusa então mostrou a Perseu o caminho para a morada das três greias e lhe garantiu que ele as reconheceria facilmente. Afinal, eram muito velhas. E o mais estranho: as três tinham somente um olho e um dente, que partilhavam.
Depois de um longo caminho, Perseu as encontrou. Chegou bem na hora que uma delas tirava o olho e o passava à irmã. Quando o braço de uma se estendeu para entregar o olho à outra, Perseu interpôs-se, e o objeto foi colocado bem na palma de sua mão. Imediatamente ela agarrou o olho e disse: “Lá se vai o olho de vocês! Não o terão de volta se não me disserem onde encontrar as ninfas estígias!”.
O golpe foi inesperado para as greias. Ficaram contrariadas e não sabiam o que fazer. Moviam seus braços às cegas, tentando apanhar Perseu. Não queriam dizer de jeito nenhum onde moravam as ninfas, porque elas tinham as sandálias aladas, o capacete de Hades e a sacola mágica. E as greias sabiam que quem tivesse esses apetrechos em seu poder estaria em busca de matar Medusa, e poderia fazê-lo. Quando se deram conta que não reaveriam o olho, começaram a implorar Perseu, mas ele se manteve firme. As três velhas ficaram em pânico e, aterrorizadas, gritaram a uma só voz onde as ninfas poderiam ser encontradas.
Perseu devolveu o olho e foi ao encontro das ninfas. Ao dizer-lhes o que se encarregara de fazer, obteve delas, prontamente, o que fora buscar. Uma lhe trouxe as sandálias aladas, com as quais poderia voar; outra, o capacete de Hades, que o tornaria invisível; a terceira lhe deu um saco mágico, que aumentava e diminuía, envolvendo coisas de qualquer tamanho.
– É para colocar aí dentro a cabeça da Medusa: mesmo decepada, ela tem o poder de transformar em pedra quem olhar para ela.
Perseu apanhou os apetrechos e seguiu. Com as sandálias aladas, voava veloz e graciosamente pelo céu. Não tardou a chegar à ilha das górgonas, quando então colocou o capacete e se tornou invisível. Lá do alto avistou as três. Em volta delas, e por toda a ilha, viam-se imagens humanas de pedra, fustigadas pela chuva e pelo vendo.
Agora Perseu olhava somente pelo reflexo de seu escudo. Àquela hora, as três estavam dormindo, e o herói se aproximou rapidamente. Logo distinguiu Medusa, e, nessa hora difícil, Atena estava a seu lado. Dava-lhe ânimo e estava pronta para lhe guiar a mão. Com cuidado, Perseu olhou no espelho, calculou corretamente e, com um golpe certeiro da espada, decepou a horrorosa cabeça. Do pescoço cortado de Medusa, saltou primeiro um cavalo alado, Pégaso, e em seguida um gigante, Crisaor, ambos filhos de Posídon. O destino escrevera que eles nasceriam do pescoço de Medusa quando um certo herói lhe cortasse a cabeça.
Perseu enfiou a cabeça na sacola e voou para o céu, enquanto o corpo da górgona despencava para o mar. Mas o barulho acordou as duas irmãs do monstro. Vendo Medusa morta, saíram de imediato à procura do assassino, mas nada viram. Então, abriram as asas e voaram em direção ao céu. Perseu, todavia, já estava totalmente invisível e elas voltaram, desoladas.






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